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Doenças crônicas, como hipertensão, e riscos de quedas são alguns dos desafios à saúde dos idosos

25/06/2025

Doenças crônicas, como hipertensão, e riscos de quedas são alguns dos desafios à saúde dos idosos

Para detectar condições de saúde que podem colocar o idoso em risco de complicações, ocorre um trabalho que define o grau em que cada paciente pode ser afetado. De acordo com o secretário municipal de Saúde de Irati, Nelson Antunes, a partir da estratificação de riscos é oferecida atenção especial aos idosos. Muitos dos serviços são ofertados através do Consórcio Intermunicipal de Saúde, onde vários profissionais avaliam a capacidade do idoso de realizar suas atividades cotidianas, para identificar limitações e necessidades especiais de cuidados, como explica a diretora Técnica e Administrativa do CIS Amcespar, Ângela Cardoso

 

Com o envelhecimento da população, o aumento da demanda por serviços de saúde é uma constante, que deverá impactar na realidade de todo o país. De 2000 a 2023, a proporção de idosos (60 anos ou mais) na população brasileira quase duplicou, subindo de 8,7% para 15,6%, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE). Em Irati, os idosos representam 17% da população do município. São 10.030 pessoas, segundo informações do Censo 2022 do IBGE. 

De acordo com o secretário municipal de Saúde de Irati, Nelson Antunes, essas pessoas recebem acompanhamento prioritário no Sistema Único de Saúde (SUS), de acordo com suas necessidades. “Conforme a estratificação de risco, a unidade básica de saúde consegue realizar um atendimento regular, permitindo a detecção precoce de problemas de saúde, o que pode levar a intervenções mais eficazes e à redução de complicações”, relata o secretário.

Ele explica que esta “estratificação de risco” tem o objetivo de detectar condições de saúde que podem colocar o idoso em maior risco de complicações, direcionar intervenções e recursos de saúde para aqueles que mais necessitam.

Idosos frágeis são atendidos através do CIS Amcespar

A diretora Técnica e Administrativa do Consórcio Intermunicipal de Saúde (CIS Amcespar), Ângela Maria da Cruz Cardoso, explica que durante a estratificação na unidade de saúde, ocorre a classificação dos idosos como: robusto, frágil ou em risco de fragilização. “Aqueles identificados como frágeis ou em risco de fragilização são compartilhados com o Ponto de Atenção Secundário Ambulatorial (PASA), onde são atendidos por uma equipe multiprofissional composta por médica com especialização em geriatria, fisioterapeuta, enfermeira e farmacêutica”, detalha.

Idosos de todos os municípios que fazem parte do CIS Amcespar são atendidos nesse ambulatório. Atualmente, 168 usuários provenientes dos nove municípios consorciados estão sendo acompanhados pelo PASA. “O atendimento multiprofissional é realizado por meio do Ciclo da Atenção Contínua, que inclui uma avaliação especializada e integral da funcionalidade do idoso”, comenta Ângela.

Avaliação funcional e qualidade de vida

A avaliação funcional é um componente essencial deste processo de cuidado com a saúde, pois visa analisar a capacidade do idoso de realizar suas atividades cotidianas. Ela abrange tanto as atividades básicas da vida diária — como tomar banho, vestir-se, alimentar-se, usar o banheiro, transferir-se (ex.: da cama para a cadeira) e manter a higiene pessoal —, quanto as atividades instrumentais do cotidiano, que são as tarefas mais complexas, como preparar refeições, administrar medicamentos, realizar compras, cuidar da casa, utilizar o telefone e gerenciar as finanças.

De acordo com a diretora Técnica e Administrativa do CIS Amcespar, “essa avaliação é fundamental para identificar limitações, riscos e necessidades específicas de cuidado, possibilitando o planejamento de intervenções personalizadas. Ao detectar precocemente problemas como quedas, dificuldades de locomoção ou questões nutricionais, é possível atuar de forma preventiva, evitando agravamentos, hospitalizações e outras complicações”.

O objetivo principal da avaliação funcional é manter ou restaurar a autonomia e a independência do idoso, promovendo qualidade de vida e bem-estar, como explica a coordenadora do ambulatório PASA do CIS Amcespar, Cíntia Markovicz Visinoni.

Ela conta que são aplicados testes durante os atendimentos, e com base nos resultados, é elaborado um plano de cuidados, com condutas e metas que devem ser desenvolvidas tanto pelo usuário quanto pela unidade de saúde de referência. “No retorno ao ambulatório especializado, novas escalas e testes são aplicados, possibilitando a análise da evolução da funcionalidade do usuário e a reavaliação das condutas adotadas”, destaca Cíntia. 

Como são definidos os atendimentos pelo CIS Amcespar

Todos os atendimentos do CIS Amcespar são eletivos e agendados pelos Municípios. Os fluxos de acesso e de atendimento são norteados pelos protocolos oficiais da Secretaria de Estado da Saúde.

Prevenção de doenças 

As equipes do Programa de Saúde da Família fazem visitas domiciliares, acompanhando a saúde periodicamente, com foco na prevenção de doenças. Também buscando a prevenção, são realizadas as campanhas de vacinação contra a gripe, tétano e Hepatite B.

Outras iniciativas voltadas ao cuidado com a população idosa de Irati são o monitoramento e o controle de problemas crônicos, com a hipertensão (conhecida como “pressão alta”), realizadas pelos profissionais da Secretaria Municipal de Saúde.  Nelson Antunes afirma que ocorre o “controle de doenças crônicas e manejo de condições como diabetes e hipertensão, com consultas regulares e acompanhamento”.

Hipertensão

O envelhecimento é um dos principais elementos associados ao surgimento da pressão alta. “A hipertensão está diretamente ligada ao avanço da idade. Com o aumento da expectativa de vida da população, é natural que haja mais pessoas idosas e, consequentemente, um crescimento nos casos”, explica a médica cardiologista Larissa Rengel, que atua em Curitiba nos hospitais São Marcelino Champagnat e Universitário Cajuru. Além da idade, o estilo de vida também exerce papel decisivo no desenvolvimento do problema. Dietas com alto teor de sódio, baixo consumo de frutas e verduras, sedentarismo e excesso de peso contribuem para o descontrole dos níveis da pressão arterial.

Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), a hipertensão é responsável por mais de 10 milhões de mortes por ano em todo o mundo. No Brasil, o cenário é ainda mais alarmante: cerca de 30% da população convive com a doença, de acordo com o Ministério da Saúde.

Outras doenças

Além da hipertensão e diabetes, outras doenças que também costumam acometer muitas pessoas da terceira idade são osteoporose, osteoartrose e doenças neurodegenerativas (como Alzheimer e Parkinson). 

Algumas destas patologias, somadas a perda de massa muscular, podem contribuir para que ocorram quedas e fraturas – o que dificulta a mobilidade temporária ou permanente dos idosos. Trata-se de um problema grave de saúde pública, tanto que o dia 24 de junho é  o Dia Mundial de Prevenção de Quedas, data incorporada pelo Ministério da Saúde para alertar sobre o tema.

Quedas e fraturas

O risco de quedas atinge todas as idades, porém é mais frequente em idosos.  De acordo com a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, as quedas podem ter sérias consequências físicas e psicológicas, incluindo lesões, hospitalizações, alteração da mobilidade, medo de cair novamente, restrição da atividade, declínio funcional, institucionalização e até a morte.

Atualmente, segundo a entidade, as fraturas decorrentes de quedas são responsáveis por aproximadamente 70% das mortes acidentais em pessoas acima de 75 anos. Idosos apresentam dez vezes mais hospitalizações e oito vezes mais mortes derivadas de quedas.

Em Irati, ainda não há informações consolidadas sobre quedas sofridas pelos idosos e suas consequências para a saúde pública. Entretanto, há ações em andamento, como relata o secretário de Saúde do município.   “Não dispomos dos dados de queda, pois estamos em fase de implantação do Núcleo de Segurança do paciente, onde teremos as notificações de tais agravos”, conta Nelson Antunes.

A preocupação com esses fatores tem motivado iniciativas não apenas em Irati e no Brasil, mas na maioria dos países. Tanto que, em 2023, a Organização Mundial de Saúde (OMS), como parte da Década do Envelhecimento Saudável da ONU, definiu uma iniciativa voltada para a Saúde Óssea e o Envelhecimento. O principal objetivo é desenvolver um roteiro estratégico para otimizar a saúde óssea, a fim de promover o envelhecimento saudável, além de defender uma estratégia de saúde pública para prevenir fraturas entre idosos.

Neste contexto, a abordagem da OMS para Cuidados Integrados para Idosos  fornece recomendações específicas para prevenir, retardar ou reverter o declínio da capacidade intrínseca dos idosos, incluindo recomendações para aqueles em risco de quedas.

Problemas respiratórios

As doenças respiratórias também afetam a saúde e a qualidade de vida da população idosa.

Em Irati, estes problemas são acompanhados pelas equipes do setor de saúde. De acordo com Nelson Antunes, no município há “293 idosos com problemas respiratórios Asma/DPOC, na faixa etária entre 60 e 80 anos, segundo a Plataforma Paraná Saúde Digital”.  

Envelhecimento

- Até 2070, cerca de 37,8% dos habitantes do país serão idosos.

-A idade média da população era de 28,3 anos em 2000, subiu para 35,5 anos em 2023 e deve chegar aos 48,4 anos em 2070.

- Em Irati, atualmente as pessoas idosas representam 17% da população do munícipio.

Prevenção de quedas

As atividades físicas ligadas ao aumento da força, tônus muscular e que mantenham a composição corporal eficiente para a locomoção, melhorando o equilíbrio, podem diminuir a frequência de quedas entre pessoas idosas, segundo a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia.

Outro fato é que a mobilidade física e estabilidade postural estão diretamente relacionadas a prevenção de quedas.

Recomendações do Ministério da Saúde para a prevenção:

- Se necessário, usar bengalas, muletas ou outros instrumentos de apoio;
- Elimine tudo aquilo que possa ser obstáculo ou provocar escorregões dentro de casa, como fios, tapetes e outros objetos;
- Instale suportes, corrimãos e outros acessórios de segurança no banheiro, na sala, nos corredores e no quarto;
-  Use sapatos com sola antiderrapante, substitua os chinelos deformados ou frouxos e nunca ande só de meias;
- Instale iluminação ao longo do caminho da casa, principalmente para chegar até o banheiro.

Controle da hipertensão

De acordo com a Sociedade Brasileira de Hipertensão, cerca de 70% dos diagnosticados não conseguem manter os níveis dentro dos limites recomendados. Os principais motivos são a baixa adesão ao tratamento e a dificuldade em modificar hábitos. “Tomar o remédio é apenas uma parte do processo. É fundamental perder peso, adotar uma alimentação equilibrada, reduzir o consumo de sal e praticar atividade física com regularidade. E muita gente ainda não leva isso a sério”, comenta a médica cardiologista Larissa Rengel. 

Outro erro comum é interromper o uso da medicação por conta própria. “Muitas pessoas pensam: ‘Se eu não estou sentindo nada, posso parar por um ou dois dias’. Mas essa interrupção prejudica o tratamento e aumenta o risco de complicações futuras”, complementa Larissa.

Segundo ela, esses hábitos alimentares saudáveis, exercícios, seguir o tratamento recomendado e fazer check-ups periódicos fazem toda a diferença e podem representar 20 ou 30 anos a mais com saúde e qualidade de vida.

 

Letícia Torres

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